terça-feira, 27 de abril de 2010

EM DEFESA DAS ENERGIAS RENOVÁVEIS

GRUPO MUNICIPAL DO PPM E DO MPT APRESENTARAM HOJE EM SESSÃO DE ASSEMBLEIA MUNICIPAL UMA RECOMENDACÃO EM DEFESA DAS ENERGIAS RENOVÁVEIS.

Em Defesa das Energias Renováveis
Verificou-se recentemente uma tentativa de relançar na comunicação social o debate acerca das energias renováveis, por parte de conhecidas vozes implicitamente defensoras da energia nuclear.
As centrais nucleares têm demonstrado, ao longo dos tempos, não serem uma opção viável nem segura, tal como testemunhou Chernobyl há 24 anos, cujos efeitos ainda hoje se fazem sentir, assim como as os inúmeros acidentes e fugas radioactivas que acontecem frequentemente por todo o mundo.
Considerando que Portugal apresenta uma rede hidrográfica considerável, uma elevada exposição solar média anual, e dispõe de uma vasta faixa costeira que beneficia de ventos marítimos, o que lhe confere a possibilidade de aproveitar o potencial energético da água, da luz solar, das ondas e do vento, permitindo um bom aproveitamento de formas de energia alternativas, renováveis, limpas e ecológicas.
Considerando que a concretização de projectos para produção de energia eléctrica a partir de fontes não poluentes pode acontecer de forma faseada, muito mais adequada à realidade nacional, e com menos investimento, atingindo-se os objectivos de produção e permitindo uma distribuição mais eficaz e homogénea.
Considerando que dar prioridade às energias renováveis e sustentáveis é também essencial para promover a independência energética do país, que a energia nuclear não assegura, sendo, de igual modo, uma forma de incentivar o desenvolvimento tecnológico nacional mais vantajosa do que quaisquer modelos de produção energética centralizada e em grande escala.
Considerando finalmente que a segurança energética é uma condição imprescindível para um ambiente sadio, mais equilibrado e sustentável para a população mundial.
Neste sentido, a Assembleia Municipal de Lisboa delibera, na sequência da presente proposta, recomendar à Câmara Municipal de Lisboa que:
- recorra cada vez mais a energias limpas, seguras e renováveis , fazendo de Lisboa uma cidade exemplar em termos energéticos;
- desenvolva campanhas de informação e sensibilização sobre esta matéria;
- desenvolva e incentive acções e projectos que promovam a poupança, a eficiência e a segurança energéticas especialmente ao nível da área Metropolitana de Lisboa.


Assembleia Municipal de Lisboa, 27 de Abril de 2010

Grupo Municipal MPT Grupo Municipal PPM

PELA PRESERVAÇÃO DE VILA VENTURA E VILA ANA

GRUPO MUNICIPAL DO PPM E DO CDS/PP APRENTARAM HOJE UMA RECOMENDÇÃO PELA PRESERVAÇÃO DE VILA VENTURA E VILA ANA.

Vila Ana e Vila Ventura são duas vilas (Chalets) centenárias mandadas construir por uma família portuguesa regressada do Brasil, situadas no nº 674 da Estrada de Benfica. Os seus projectos datam de 1890 e 1910 respectivamente.

Considerando que:

- São os últimos vestígios históricos e arquitectónicos (apelidado como “Casas do Brasileiro”) das casas apalaçadas e quintas que existiam na freguesia de Benfica. Ali viveu General Spínola e o escritor Luiz Pacheco;

- Estes 2 Chalets são propriedade da Ormandy Portuguesa que as adquiriu no ano de 1997 e que até hoje nunca fez obras de reabilitação, apesar dos insistentes pedidos por parte dos moradores, o que viola as obrigações e disposições legais aplicáveis;

- Em Março de 2009, a Vila Ana e Vila Ventura foram alvos de uma vistoria pelos técnicos da Câmara Municipal de Lisboa, que aconselharam os proprietários a fazerem obras de reabilitação mas que, até à data, não se verificaram;

- Estes 2 edifícios estão inscritos no Inventário Municipal do Património, anexo ao PDM e inseridos na listagem de Pátios e Vilas de Lisboa;

- Deu entrada no serviços da Câmara Municipal um pedido dos proprietários para a demolição dos dois imóveis e solicitando a sua desanexação do Inventário Municipal de Património, sustentando a sua decisão em relatórios. Entretanto, o seu indeferimento fez renascer a possibilidade de preservação do edificado e que o Município não se imiscua da obrigação de proteger os imóveis por si classificados;

- Entretanto, os chalets têm sido ocupados por sem-abrigo e toxicodependentes, temendo-se que, a qualquer altura, possa haver lugar a um incêndio que inviabilizará, definitivamente, a sua reabilitação. Ainda vivem três inquilinos nos imóveis;

- Recentemente foi criado o Movimento de Cidadãos pela Preservação da Vila Ana e Vila Ventura, composto por moradores não só da freguesia de Benfica mas de toda a cidade e que se encontra, actualmente, a trabalhar numa proposta de um projecto comunitário, pelo que têm solicitado à Câmara que seja o intermediário entre o interesse colectivo e municipal junto dos proprietários;

- O Movimento lançou uma petição pública que conta, em poucos meses, com 800 assinaturas recolhidos online e através da distribuição pelo comércio e entidades da freguesia de Benfica que aderiram à iniciativa popular;

- Sabe-se que a Câmara Municipal de Lisboa já intimou os proprietários para obras de conservação mas a intimação, por si só, não é uma garantia do cumprimento da legalidade por parte dos intimados, ao qual a morosidade nestes processos não ajuda.

Os Grupos Municipais do PPM e CDS-PP, propõem a esta digníssima Assembleia que, na sua reunião ordinária de 27 de Abril:

1. Interceda junto da Câmara Municipal de Lisboa, no sentido de preservar as Vilas Ana e Ventura através de um projecto de reabilitação e conservação de obras coercivas, ou preferencialmente, de iniciativa do proprietário;
2. Saudar o Núcleo Consultivo do PDM pela manutenção das Vilas no Inventário Municipal de Património;
3. A Câmara Municipal de Lisboa intime os proprietários, com carácter de urgência, que procedam ao emparedamento das zonas devolutas evitando, assim, a ocupação ilegal e o aumento da degradação do edificado e assegurando uma maior segurança para os inquilinos.

Lisboa 26 de Abril de 2010.


O Grupo Municipal do PPM O Grupo Municipal do CDS-PP

RECOMENDAÇÃO DIA INTERNACIONAL DOS MONUMENTOS E SÍTIOS.

GRUPO MUNICIPAL DO PPM, APRENSENTOU RECOMENDAÇÃO APROVADA POR MAIORIA.
DIA INTERNACIONAL DOS MONUMENTOS E SÍTIOS

No passado dia 18 de Abril comemorou-se o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios. Esta efeméride foi criada a 18 de Abril de 1982 pelo ICOMOS (Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios) e aprovada pela UNESCO.
Este dia tem como função principal sensibilizar a população para a diversidade do património cultural e para os esforços que requerem a protecção e conservação destes locais. Alerta, igualmente, para a vulnerabilidade destes sítios e a necessidade de lhes ser concedida uma atenção contínua. É, portanto, mais do que uma data comemorativa, um dia para chamar a atenção!
Deste modo, todos os anos a UNESCO solicita aos seus estados-membros que, neste dia, promovam actividades, visitas gratuitas a sítios históricos, monumentos e museus, assim como colóquios e conferências onde se possam debater as questões do património.
No espírito do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, o PPM recomenda que a Câmara Municipal de Lisboa comece a dedicar uma especial atenção ao património camarário, tão descurado, ao longo dos anos.
A Câmara Municipal de Lisboa tem como uma das áreas de actividade o Património Cultural, cuja missão da Direcção Municipal de Cultura passa por: gerir os museus e palácios municipais; organizar e gerir os ateliês, galerias e outros equipamentos municipais; assegurar os actos necessários à protecção, conservação e restauro de obras de arte pública e estatuária da responsabilidade municipal e promover as acções de investigação e estudo sobre o património cultural da cidade.
Ora, a Câmara Municipal de Lisboa tem feito muito pouco pelo Património Municipal, como os chafarizes, fontes, pequenas capelas e edifícios que estão em ruínas.
Para citar apenas alguns exemplos, temos :
1 - O Chafariz da Esperança: Integrado na obra do Aqueduto das Águas Livres, este chafariz de estilo barroco foi projectado por Carlos Mardel, sendo aprovado a 15 de Novembro de 1752. As suas obras foram concluídas em 1768. Em meados do século XIX era possuidor de quatro bicas: duas na parte inferior, com carrancas de cantaria para os animais, e duas na parte superior, com carrancas de bronze para o povo. Dispunha de três Companhias de Aguadeiros, três capatazes, noventa e nove aguadeiros e um ligeiro. Monumento Nacional desde 1910, é considerado um dos mais belos chafarizes de Lisboa, mas ninguém diria, pelo estado de conservação em que se encontra.
2 – A Quinta do Monteiro-Mor, situado na freguesia do Lumiar, ocupado presentemente pelo Museu Nacional do Traje e pelo Museu Nacional do Teatro. As condições de conservação, quer do Palácio, quer do Parque, muito deixam a desejar. Um dos mais importantes complexos urbanísticos do séc. XVIII e XIX está ao abandono! A Câmara Municipal de Lisboa não cumpre aqui as suas obrigações, deixando que o Bairro do Lumiar se torne cada vez mais em pequenos feudos de alguns abastados proprietários, indiferentes para o estado de abandono do bairro.
3 – Na mesma zona que o anterior, a casa onde morreu o grande poeta Cesário Verde é outro exemplo de degradação. Embora sendo Património Municipal e de reconhecido valor cultural, não é por isso que escapa ao estado deplorável, bem patente nos seus painéis de azulejos.
De facto, a zona do Lumiar, riquíssima em Património histórico e cultural, está degradada, votada ao abandono por uma Câmara que prefere fechar os olhos aos sinais bem evidentes de destruição da História de Lisboa e dos lisboetas.
É por tudo isto, que o PPM, como partido de História, como um partido com História, propõe que a Assembleia Municipal de Lisboa, na sua reunião de 27 de Abril de 2010 delibere que:
1. A Câmara Municipal de Lisboa olhe para os exemplos aqui demonstrados e comece a agir. É necessária uma nova política cultural, mais célere e eficaz. Uma política cultural descentralizada que apoie as Juntas de Freguesia na recuperação e conservação do seu património;
2. Que o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios cumpra o seu objectivo primordial, o de alertar as entidades competentes para o estado do Património;
3. Que as próximas comemorações, mais do que passeios guiados pela cidade, tragam discussões sérias sobre o estado do Património de Lisboa. Não deveria ser só uma comemoração de Museus, feita para cumprir calendário, mas uma oportunidade para reflectir sobre o estado das coisas! Um dia para olhar para todos os monumentos de Lisboa e não só para aqueles que atraem mais turistas e geram mais receitas.

PPM VOLTA A QUESTIONAR O FUNCIONAMENTO DA EPUL

PPM, apresenta hoje em reunião de Assembleia Municipal uma moção sobre a EPUL, onde volta a questionar a validade da sua existência.

O PPM dirige-se, mais uma vez a esta Assembleia Municipal, a fim de questionar a validade da existência de uma empresa como a EPUL.
A imprensa publicou ainda na semana passada, basta ler o artigo de 19 de Abril do Jornal O Público, que a EPUL encontra-se em situação de falência técnica, obrigando à injecção de dez milhões de euros para a sua sobrevivência. São precisamente 10.4 milhões de euros que o Município terá de transferir, este ano, para a empresa imobiliária municipal, a fim de a salvar da falência técnica, pelo terceiro ano consecutivo! Já em 2009 o Município perdoou 9.6 milhões de euros de dívidas à EPUL, de forma a poder encerrar as contas com balanço positivo nesse ano.
A EPUL evoca a crise imobiliária como razão do passivo, no entanto, o facto é que existe na EPUL falta de transparência nas suas acções. O PPM já alertou para esta situação e pediu o fecho da EPUL nesta mesma Assembleia na Sessão de 26 de Janeiro de 2010. Grande parte do passivo da EPUL não se deve à crise imobiliária, até porque dos 151 novos imóveis previstos, nenhum foi construído.
Em vez de estabelecer programas de reabilitação das casas camarárias no centro da cidade, a EPUL optou pela via mais fácil de construção de novos fogos, quase nos limites da cidade, como é o caso da Alta de Lisboa.
A EPUL quer ser uma empresa imobiliária, que não o é, nem deverá ser. Não esqueçamos que o seu objectivo aquando da sua criação era ser uma empresa pública para ajudar os munícipes com a questão do imobiliário, e principalmente para fixar as camadas mais jovens da população na cidade de Lisboa.
Sabemos também que grande parte dos prejuízos da EPUL provém das custas com os inúmeros processos que a empresa tem em tribunal, a maioria levantados pelos moradores que se queixam de casas construídas com má qualidade.
Por este motivo, o Grupo Municipal do PPM vem propor a este digníssima Assembleia, que delibere acerca do fecho da EPUL.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Pessoa “… Mais que isto é Jesus Cristo, que não sabia nada de finanças, nem consta que tivesse biblioteca…” (Fernando Pessoa)

Intervenção do Grupo Municipal do PPM, sobre a proposta 104/2010, Regulamento Geral de Taxas:

O PPM felicita-se por finalmente ser apresentado a proposta de regulamento das Taxas camarárias há tempo tão desejado.
Como já foi amplamente divulgado, está devidamente constatado, que esta proposta 104/2010, do Regulamento Geral das taxas, vem alterar substancialmente o valor a cobrar aos munícipes lisboetas no pagamento das taxas municipais. Tal alteração de efectivo aumento, transporta-nos, quer queiramos ou não, para o POCAL (Plano Oficial de Contabilidade das Autarquias Locais), que no seu capitulo 3 no ponto 3.3 relativo ás regras previsionais, diz na alínea a:” as importâncias relativas aos impostos, Taxas e tarifas a inscrever no orçamento não podem ser superiores à média aritmética simples das cobranças efectuadas nos ultimos 24 meses que precedem o mês da sua elaboração.”

Ora,anexo a esta proposta não estão os valores efectivos cobrados nos últimos 24 meses, para se poder fazer a respectiva média aritmética.
Parece-nos no entanto e perante a contestação popular e associativa, que o aumento generalizado das taxas é superior a este valor. Mas sem os valores em falta dificil será ajuizar.
Por outro lado, a passagem de cerca de 2400 taxas para 400, parece criar a ideia de não ser um aumento das taxas a cobrar mas sim regulamentar 400 novas taxas, dando a ideia subrepticiamente de se tentar subtrair à aplicação do POCAL.

O Espirito da lei deve ser aplicado a toda a sua plenitude. E o espirito do POCAL é evitar que os dirigentes autárquicos na ânsia de apresentar obra e mostrar equlibrio nas suas contas, possam sobrecarregar com taxas os seus munícipes, sem um critério objectivo.
Para mais, nesta altura em que passamos por uma das maiores crises económicas de sempre, fruto do erro de dirigentes nos quais se incluem os novos e actuais governantes, pois governar é prever e a prevenção foi zero, Sobrecarregar com novas taxas os nossos concidadãos é um castigo que não merecem, e como dizia Fernando Pessoa “… Mais que isto é Jesus Cristo, que não sabia nada de finanças, nem consta que tivesse biblioteca…”
Pode até levar a pensar que serão eles que irão pagar os cerca de 700milhões de euros emprestados à Grecia, e que nos vão agravar em cerca de 0,5% o défice nominal, mantendo-nos Pobretes mas Alegretes. Grandes nas suas atitudes externas em detrimento da grave crise económica que grassa na nossa casa.
Sejamos claros, esta proposta parece-nos carecer de legalidade democrática. Antes, mais nos parece uma forma republicana de governo como diz a alinea B do artigo 288 da Constituição da República Portuguesa, a que somos avessos.


O deputado municipal
Gonçalo da Câmara Pereira

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Intervenção da deputada Aline Gallasch-Hall sobre Recomendação do Grupo Municipal do CDS-PP, " Fundação José Saramago"

(versão completa, pois por falta de tempo, a deputada Aline teve de reduzir a sua intervenção)

Assembleia Municipal de Lisboa
13 de Abril de 2010


A polémica sobra as obras da Fundação José Saramago é, infelizmente para o prestígio internacional do nosso único prémio Nobel da Literatura, o que o PPM classifica de perfeito exemplo de gestão pouco transparente da coisa pública.
Mais uma vez, a direcção socialista criou uma novela que, de fino recorte literário, nada tem. O que conseguiu foi um imbróglio obscuro que evoca quase devaneios caprichosos.
Um processo que, rigor, não teve nenhum. Vejamos:
- Propõe a utilização de um monumento nacional sem ter autorização, dispensando concurso público, e contrata lateralmente arquitectos para requalificarem o espaço e restaurarem o edifício, cujas obras, há alguns anos atrás, também foram polémicas;
- Deixa chegar as obras a um valor astronómico, o que é demonstrativo de um esbanjamento do dinheiro público, sem qualquer estudo prévio demonstrado, numa época de crise indiscutível;
- Não apresenta, como já é seu costume, qualquer estudo orçamental ou um plano definido e pormenorizado do projecto, nem o submete a aprovação a quem de direito.
O bem público, neste caso, um edifício da Câmara, não pode ser tratado como se fosse um bem privado do Sr Presidente da Câmara. Há todo um conjunto de procedimentos que têm de ser cumpridos. E que não foram...
Se estas irregularidades provêm da própria Câmara, que moral terá a mesma de exigir taxas, concursos públicos e rigor quando tiver de tratar de assuntos dos munícipes? É este o exemplo que devemos seguir? Se nem a própria Câmara cumpre com os propósitos legais, que moral terá ela de exigir seja o que for aos seus concidadãos? É esta a forma republicana de Governo? É assim que querem construir a “Lisboa, capital da República”, como afirmam na Carta Estratégica? É essa a forma que encontraram para dignificar o trabalho da República?
Não estamos aqui a discutir nem a colocar em causa a excelência do escritor e a importância da sua obra. Aliás, é exactamente pela admiração e reconhecimento pela figura nobre do nosso único Nobel da Literatura que achamos ser José Saramago merecedor de um local com maior dignidade, demonstrativo do seu estatuto, e desprovido de irregularidades, ilegalidades e polémicas.
Nem a escolha do local sequer é própria! Não só por não ter rigorosamente nenhuma ligação à obra do autor, pois é uma casa que reúne em si a simbólica do século XVI que nunca foi tratada por ele, como há espaços na cidade muito mais dignos ao seu nome e à sua obra.
Esta polémica já extravasou o limite do razoável.
Não vou referir o espanto que me causou ver uma espanhola à frente do projecto da Fundação. Foi uma escolha do próprio autor (o que é coerente, já que este afirmou que Portugal, mais cedo ou mais tarde será uma província espanhola...). Pilar é sua representante, muito bem. D. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques, também era leonesa...refiro-me sim ao espanto causado pelas considerações negativas que a senhora teceu às dúvidas que se levantaram.
Senão vejamos as recentes declarações da mulher de José Saramago, a 11 de Março, na imprensa nacional. A jornalista espanhola Pilar del Rio classifica esta polémica de: “rasca, absurda e estúpida”.
Nós não colocamos em causa a importância que José Saramago tem para Lisboa ou para Portugal. É importante que haja uma Fundação José Saramago e é importante que a mesma fique em Lisboa – se bem que a cidade de Mafra também não seria nada mal pensado, mas não vamos por aí. A escolha está feita, foi Lisboa e, aliás, o senhor presidente da câmara até já contou com o apoio do escritor na sua campanha…é claro que nós não achamos que terá prometido este desfecho, é uma pura coincidência.
Vamos à polémica: Será ela merecedora das graves expressões “rasca, absurda e estúpida”?
Será que é “rasca” querer saber como é que uma obra, cuja previsão inicial não chegava aos 600 mil euros passa, assim, como que por artes de magia, (com toda a certeza, por mão de Blimunda) para 2,2 milhões de euros? E, já agora, será que vai ficar por aqui?
Será “absurdo” querermos saber por que não houve concurso público ou por que não existe uma autorização do IGESPAR?
E será “estúpido” mostrar preocupação sobre quais os recursos financeiros da instituição para suportar custos na manutenção e gestão da Casa dos Bicos?
Como vêem, a Fundação José Saramago é algo que já nasce torto. Mas por culpa de quem?
Não é certamente daqueles que se preocupam pela transparência dos processos e que fazem perguntas legítimas em defesa dos interesses dos munícipes. A culpa é de quem não teve as devidas cautelas para evitar que estas perguntas viessem a ser feitas…
E nós sabemos quem é o culpado, ou não sabemos? O culpado é o actual presidente da Câmara, o mesmo que assinou o protocolo em Julho de 2008.
No PPM, como já dissemos, apesar de Saramago não ser monárquico, sabemos ver para além disso e não o vamos “excomungar”, qual Baltazar, do seio da sociedade alfacinha…
Queremos sim que Lisboa, como capital de Portugal, tenha uma fundação com o nome do único português Nobel da Literatura. Mas, como até já lemos os seus livros, pensamos que, por exemplo, teria sido melhor se a sua fundação viesse a encontrar um espaço em outro local da cidade. Não teria sido muito mais lógico e melhor para todos se a fundação tivesse ido para a zona do Chiado e do Largo Camões, dentro do tradicional roteiro literário da cidade, podendo expandi-lo até à Calçada do Combro, ocupando a antiga biblioteca Camões?
Afinal, foi o próprio Saramago que nos deu esta ideia, quando escreveu o seguinte na sua obra de 1984, “O Ano da Morte de Ricardo Reis”:
"Parece isto obra do destino, que tendo Ricardo Reis procurado tão insistentemente e de tão longe, veio a encontrar, já na quarta-feira, um porto de abrigo, por assim dizer, mesmo ao pé da porta, no Camões, e com tanta fortuna que se achou instalado em gabinete com janela para a praça, é certo que se vê D'Artagnan de costas, mas as transmissões estão asseguradas, os recados garantidos, do que logo fez demonstração um pombo voando da sacada para a cabeça do vate, provavelmente foi-lhe segredar ao ouvido, com malícia columbina, que tinha ali atrás um concorrente, mente, como a sua, às musas dada, porém, braço não mais do que às seringas feito, a Ricardo Reis pareceu que Luís de Camões encolhera os ombros, nem era o caso para menos"...
Também nós aqui dizemos, que nem era o caso para menos. Por isso votamos a favor desta recomendação.